Nova GLO ambiental coloca Ibama e ICMBio sob comando de militares

exército Amazônia

O governo decretou na 4ª feira (6/5) uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que submete o trabalho de prevenção e combate ao desmatamento do Ibama e do ICMBio ao controle do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.

O objetivo da medida é reforçar as ações contra o desmatamento ilegal e focos de incêndio na Amazônia Legal, agora sob coordenação dos comandos militares e não mais dos órgãos ambientais civis. O período de vigência da GLO vai de 11 de maio a 10 de junho, informa O Globo.

No ano passado, quando o governo federal também recorreu aos militares para combater as queimadas, a subordinação dos órgãos ambientais ao comando do Exército não existia. Com a mudança, o trabalho de investigação e estratégia do Ibama e de outros órgãos ficará submetido à avaliação do Exército, que será o responsável por definir a abordagem de fiscalização e as operações que serão realizadas em campo.

Na Folha, Ana Carolina Amaral lembra que o Ibama teve dificuldades de articulação com o Exército nas operações do ano passado. Em algumas situações, os militares teriam se recusado a participar de operações envolvendo a destruição de equipamentos apreendidos em atividades ilegais.

Essa questão nos leva a um problema no decreto desta semana: como aponta Maurício Tuffani no Direto da Ciência, a GLO finalmente permitirá ao presidente Jair Bolsonaro cumprir uma promessa antiga para garimpeiros e madeireiros – impedir a destruição do maquinário utilizado por criminosos ambientais.

Em tempo 1: Os três meses da GLO contra as queimadas do ano passado custaram mais de R$ 124 milhões, 32% a mais que o gasto pelo Ibama com fiscalização e combate aos incêndios florestais durante todo o ano de 2019.

Em tempo 2: Enquanto o Ministério da Defesa e as Forças Armadas assumem a dianteira da política federal para a Amazônia, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi expulso de seu partido. De acordo com ele mesmo, o NOVO decidiu por sua expulsão por ter assumido o ministério “sem qualquer informação prévia ou pedido de autorização” à sigla. A direção do NOVO confirmou a decisão, mas ressaltou que ela ainda é preliminar, já que Salles ainda pode recorrer – o que, aparentemente, não acontecerá. Desde outubro passado, sua filiação estava suspensa por conta de representação feita por filiados do Rio de Janeiro por sua atuação de “absoluta irresponsabilidade” à frente do Ministério do Meio Ambiente durante o episódio das queimadas na Amazônia.

 

ClimaInfo, 8 de maio de 2020.

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